domingo, 15 de março de 2009

16:17 - 3 comments

"Jornalista" entre aspas

Estava eu navegando pelo Orkut quando observei nas atualizações fotos de uma colega. Como boa curiosa não resisti e fui checar mais de “perto”. Quando vi não acreditei! Deparei-me com uma situação no mínimo revoltante.
A maranhense de 22 anos acabava de entrar para a faculdade de jornalismo. E no álbum o seguinte título: “Caloura de Jornalismo!... e daí?”. E daí pergunto eu. Como pode haver tantas contradições na profissão de jornalista assim, se estamos no mesmo País?
A moça que agora cursa o 1º semestre de jornalismo já exercia a profissão como apresentadora e repórter da afiliada TV Globo, na cidade de Balsas no Estado do Maranhão, município que fica localizado a 810 quilômetros da capital São Luís.
As surpresas persistem. A jovem já passou pela TV Açucena, afiliada Rede Record, também no Maranhão. Como se mudou para a capital teve que se despedir da TV Rio Balsas. Mas não pensem vocês que a “foca”, termo usado por nós jornalistas para identificar quem está iniciando o curso, que ela vai ficar longe da telinha, não. A caloura é a mais nova "jornalista" contratada pela TV Maranhense, canal 12, afiliada Band.
Ainda na página da aspirante, observei uma outra foto que me deixou mais pasmada ainda. O Jornal Folha do Serrado de Balsas, em comemoração ao dia Internacional das Mulheres, dedicou uma página somente para ela.
Nas primeiras linhas o choque “Partiu para a capital para complementar os seus estudos na área de jornalismo”. Como assim, complementar os estudos na área de jornalismo? Será que a população balsense desconhece a informação que cursar 4 anos de jornalismo não é complemento é obrigação para quem tem o desejo de trabalhar nas funções de repórter, apresentador (a), etc.?
Pelo visto o “jornalista” da Folha do Serrado também desconhece totalmente a informação, ou seja, é apenas mais um exercendo a profissão sem ser. Toda essa situação não poderia me causar espanto depois de uma visita as emissoras de televisão na cidade Barra do Garças, MT, em junho de 2008.
Na época, recém-formada em jornalismo resolvi me aventurar. As afiliadas da Record e da Band estavam precisando de repórteres. Foram 27 horas de estrada. Apesar da distância de casa estava bastante otimista.
Porém, a realidade de Barra do Garças não é diferente da cidade maranhense. O proprietário da Band, disse que poderia me contratar para atuar no departamento comercial como vendedora. Isso mesmo, eu teria que vender publicidade e pior, o pagamento seria apenas por comissão, sem fixo.
Aí eu perguntei: E a vaga para repórter? Ele me disse: “Olha, a semana passada veio aqui um cara, dizendo que tinha vontade de trabalhar como repórter, então a gente deu a oportunidade pra ele, e ele ta fazendo o teste. Se ele não passar aí a gente pode fazer um teste com você".
Na hora fui obrigada a contar até 10, respirar fundo 3 vezes. Pois eu não queria acreditar que estava ouvindo aquele absurdo. Bom, não tive alternativa a não ser desejar a ele muita boa sorte. Afinal de contas ele iria precisar.
Ainda inconformada a primeira ação que fiz quando cheguei ao hotel foi ligar a TV na Band, claro. Pois eu queria ver de “perto” quem era o tal cara. Nossa! Quando vi não acreditei. O cidadão de aproximadamente 40 anos, tinha um semblante cansado.
Mas isso não era nada em vista do “desempenho” dele no vídeo. Eu não sabia se ria ou se chorava. O cidadão falava sobre um acidente com vítima fatal na avenida principal da cidade. Ele não sabia se ficava na frente da câmera ou se falava, nem o microfone ela sabia segurar, disse várias vezes a mesma palavra “infelizmente”. Resumindo: a matéria não tinha uma seqüência lógica, o "repórter" não tinha subsídios para informar o telespectador sobre o fato, sem contar o sensacionalismo que se vê por lá.
Tudo que descrevi aqui é lamentável para nós jornalistas e principalmente para a sociedade que de uma forma geral vê o profissional de Comunicação Social como um intérprete da realidade. Informando, persuadindo ou mediando mensagens através dos mais diversos tipos de veículos de comunicação existente no mundo moderno.
Essas informações podem ser utilizadas para sua formação, seu divertimento, seu convencimento, sua reflexão e até mesmo para tomada de decisões. É através deste poder de persuasão, que saem boas referências. Para tanto precisamos entender o desenvolvimento da comunicação básica, para aplicá-la. “A comunicação é um elemento inerente à condição humana e existe desde o aparecimento do ser humano no mundo. (...) Comunicação é uma ação comum, intercâmbio simbólico mediado pelo trabalho”. (GOMES, 1997, p. 12)



3 comentários:

"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter."

NOSSA Q TALENTOSA VC MOÇA.. PARABÉNS!

Longe, porém mais perto de você... meu amor.
E como ela é... talentosa demais, profissional.
Muita coisa pra descreve-la, portanto digo que é você é sensacional e muito especial.
Parabéns!!!

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