sábado, 16 de maio de 2009

Doação de órgãos no Brasil ainda está longe do ideal


Campanha Nacional de incentivo a Doação de órgãos no País


Em pleno século XXI doação de órgãos ainda é um dos medos que povoa o imaginário do ser humano. A carência de doadores é ainda um grande obstáculo para a efetivação dos transplantes, não só no Brasil, mais também no mundo.
Segundo Amélia Trindade, coordenadora da OAP – Organização de procura de Órgãos da Unesp de Botucatu, o transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na troca de um órgão (coração, rim, pulmão e outros) de um paciente doente (receptor) por outro órgão normal de alguém que morreu (doador). A doação de órgãos como rim e parte do fígado podem ser feitas em vida.
Os receptores são escolhidos com base em testes laboratoriais que confirmam a compatibilidade entre o doador e o receptor. Quando existe mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá, passa por critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento.
É importante não confundir a morte encefálica com COMA. O estado de coma é um processo reversível, a morte encefálica não. Do ponto de vista médico e legal, o paciente em coma está vivo. Para que a morte encefálica seja confirmada é necessário o diagnóstico de, pelo menos, dois médicos, sendo um deles neurologista. Estes médicos não podem fazer parte da equipe que realizam o transplante, afirma Trindade.
Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais importantes são para evitar a rejeição. Estes medicamentos, que devem ser usados pelo resto da vida, podem causar uma série de efeitos não desejáveis. Para combater estes para efeitos outras drogas devem ser administradas. As estatísticas mundiais mostram que a maioria (mais de 80%) das pessoas que receberam um coração por transplante, por exemplo, retornam as suas atividades anteriores. Alguns praticam esportes, existindo até federações de transplantados.
Os exames complementares, ou seja, além do exame clínico, para confirmar a morte encefálica, que inclui eletroencefalograma e arteriografia cerebral, são realizados, pelo menos duas vezes, com intervalo de seis horas. Só então a morte encefálica pode ser confirmada, ressalta a coordenadora da OAP.
A maioria dos transplantes realizados no país é de rim. Foram 3.780 em 2008 - um recorde. Há, porém, cerca de 34 mil à espera de um rim hoje. Os transplantes de córnea também ultrapassaram a marca de 2.000 (mas são hoje 26 mil pessoas na fila).
De acordo com o Ministério da Saúde, existe no Brasil cerca de 531 estabelecimentos de saúde credenciados, 1.274 equipes médicas autorizadas e 25 Centrais de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos.
No final do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou um pacote para aumentar ainda mais o número de transplantes e aperfeiçoar o sistema no país. O cadastro de pacientes pela internet e o acompanhamento do andamento da fila pela rede foram algumas das medidas divulgadas. (Fonte: Folha Online)



A doação

Quem quiser doar um órgão ou tecido deve manifestar sua vontade aos amigos e familiares. Mesmo assim, a família do potencial doador precisa concordar com a decisão e deve autorizar a retirada dos órgãos e tecidos de seu parente.
Mesmo com a realização de transplantes na rede pública e privada a fila é única para todos os pacientes. O SUS custeia todas as despesas do transplante, inclusive os medicamentos imunossupressores, utilizados após a cirurgia para combater uma possível rejeição ao órgão ou tecido recebido.
São quase 69 mil pessoas na fila. Em 2001, já eram mais de 43,5 mil. Cerca de 68,2 mil pessoas aguardam na fila por um transplante no Brasil. Há três critérios para beneficiar quem espera. Trindade ressalta que uma das questões analisadas é a ordem de chegada na fila. Deve ser considerada também, no caso de transplantes de alguns órgãos, a compatibilidade do tipo sangüíneo, genética e anatômica do doador com o receptor. Por exemplo, pelo critério da anatomia, órgãos como o coração e o pulmão devem ser destinados para uma pessoa com altura semelhante à do doador. "Se o coração for muito grande, ele pode não caber no corpo de uma pessoa menor que o doador", exemplifica Trindade.



Fígado

No caso de transplantes de fígado, há um critério exclusivo: a gravidade da doença do paciente que precisa de um novo órgão, por causa de sua chance de sobrevivência. Recentemente, os critérios para o transplante de fígado, passaram por alteração.
De acordo com a nova regra, chamada de Método Meld, segue um modelo matemático baseado em três exames laboratoriais e atribui pontos para cada paciente. Os números vão de 6 a 40. Quanto maior o valor, maior a gravidade e menor o tempo de vida previsto para o doente. Consideram-se casos graves aqueles com pontuação acima de 16.
Somente em 2005, foram feitos quase dez mil transplantes de córneas no país. Neste mesmo ano, o Ministério da Saúde destinou recursos da ordem de R$ 500 milhões para todos os tipos de transplante.



Comissões

A lei brasileira prevê, desde 1997, que o Ministério da Saúde promova mobilizações para estimular a doação de órgãos e tecidos. Além das ações pontuais, o Sistema Nacional de Transplantes tem investido em cursos para os profissionais que atuam nas Comissões Intra-Hospitalares para doação no Brasil inteiro, tanto para equipes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para quem trabalha na rede privada.
Mais de duas mil pessoas receberam treinamento e mais cinco cursos devem acontecer até o final deste ano. Essas capacitações têm como finalidade aprimorar o trabalho dos profissionais da comissão na identificação de prováveis órgãos para doação. Para finalizar, Trindade ressalta a importância do gesto. “Para muitos, o transplante é o único tratamento possível que possibilite continuar vivendo”.


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