domingo, 17 de maio de 2009

As exigências do jornalismo cultural no mundo moderno




Boa parte do público, atraída pela velocidade de informações da Internet, não tem mais interesse na leitura de jornais , livros e revistas tradicionais.


O jornalismo cultural é, ao mesmo tempo, um reflexo jornalístico da criação cultural e ele mesmo um tipo de criação cultural. Por definição, e, aliás, como qualquer outro tipo de jornalismo, ele tem de atender a duas ordens de exigências, simultâneas e ambas igualmente legítimas, as exigências da produção jornalística como prazos, normas de redação, etc., e as exigências do seu assunto no caso, à cultura em geral.
Para Thiago Roque editor do caderno Viva do jornal Bom Dia Bauru, os suplementos culturais não se moldam às exigências mais altas da cultura, eles procuram espremer no padrão jornalístico. “Assim, entre um livro excelente sobre assunto alheio ao noticiário geral e um livro ruim sobre assunto de interesse jornalístico, este último é que é valorizado. Com isto, o jornalismo cultural se torna apenas "jornalismo geral de assunto cultural", perdendo o que é específico do jornalismo cultural. O espaço para análise e reflexão é cada vez menor, e o comprometimento dos grandes veículos com anunciantes e parceiros poda a independência e a imparcialidade do que se publica”, afirma Roque.
Segundo Diego Molina editor do caderno de cultura do Jornal da Cidade, os trabalhos realizados em uma editoria cultural hoje mudaram muito com o passar do tempo. “Antigamente, quem escrevia para os suplementos culturais eram as pessoas de real valor nas diferentes áreas da criação cultural. A partir do momento em que os critérios jornalísticos gerais começaram a predominar sobre as exigências específicas de cada área da cultura, julgou-se que qualquer repórter deveria ser capaz de fazer matérias culturais, o que é um critério absurdo, que não se ousa adotar, por exemplo, no jornalismo esportivo, onde ainda se respeita o conhecimento especializado”.
No antigo jornalismo cultural, não havia pauta, exceto para uma ou duas matérias, para o resto, era formando um grande corpo de colaboradores especializados, cada qual capaz de acompanhar as novidades no seu próprio setor. “A importância jornalística, o apelo político imediato e as preferências de grupos reivindicantes acabaram por predominar sobre o critério do interesse profundo, que subentende uma visão histórica muito mais abrangente do que, em geral, a dos resenhistas.

O que acaba vigorando é uma concepção redutivista, onde só tem importância nas páginas culturais àquilo que poderia ser transferido tal e qual para as páginas de noticiário geral, comportamento, diversões, etc. Aquilo que tenha importância somente intelectual, filosófica ou científica, sem se traduzir em conseqüências políticas ou comportamentais imediatas, é como se não existisse”, ressalta Molina.

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