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Lentes de contato podem levar a cegueira

Uma das maiores contribuições da Oftalmologia para o segmento da moda foi à popularização das lentes de contato coloridas, tornando possível o sonho de mudar a cor dos olhos. No mundo moderno e principalmente com a busca constante pela estética, cada dia aumenta mais a oferta dos mais variados produtos no universo feminino. O pior é que muitas fazem uso desses produtos sem consultar um especialista.
Segundo Alvio Shiguematsu, oftalmologista do Hospital Estadual de Bauru, afirma que esse ato pode causar problemas gravíssimos. “Caso haja uma infecção ou opacidade grave na córnea o paciente pode até ficar chego totalmente”, afirma.
O uso de lentes de contato também é comum entre aquelas pessoas que principalmente não desejam usar óculos. Podendo até ser uma indicação médica quando existe diferença de grau importante entre os olhos ou uma córnea com irregularidades.
As lentes podem ser gelatinosas ou rígidas. As gelatinosas podem ser de uso contínuo ou descartáveis. Tanto as gelatinosas como as rígidas são feitas com diferentes composições e diferentes métodos de fabricação permitindo imprimir diferentes características.
Para o especialista, lentes mal-adaptadas, apertadas ou com folga, são algumas das causas que levam a cegueira. “É o oftalmologista quem deve determinar quem pode usar o grau e curvatura da lente a ser adaptada bem como o melhor tipo de lente a ser usado”, ressalta Shiguematzu.
As lentes de contato se constituem em um corpo estranho dentro do olho, podendo causar danos importantes para a visão de modo que a segurança dos olhos depende da supervisão do oftalmologista.
O mercado oferece vários tipos de lentes as gelatinosas com maior ou menor conteúdo de água, lentes que devem ser descartadas com mais ou menos dias de uso e as lentes para uso mais ou menos prolongado. As endurecidas, conforme os materiais apresentam graus diferentes de permeabilidade ao oxigênio e os critérios de adaptação (diâmetro e curvatura) dependem das características da lente.
De acordo com Shiguematzu muitas lojas não especializadas oferecem o produto a um custo muito acessível. “Hoje, existe uma total banalização do uso da lente de contato feito através da mídia e da indústria e à falta de orientação da população quanto aos riscos do uso inadequado também é um fator importante. Além disso, a oferta é grande e o acesso muito fácil. Internet, shopping, farmácias e em muitos lugares se compra lente de contato como se fosse um adorno qualquer”, revela o oftalmologista.
Shiguematzu lembra que presenciou uma cena trágica e ao mesmo tempo cômica em uma ótica de Bauru. “Em uma ocasião eu estava em uma ótica e a atendente que não era preparada estava atendendo uma cliente. Ela ficou apavorada ao ver a cliente urrar de dor ao colocar uma lente de contato gelatinosa, que ficou dobrada e sumiu sob a pálpebra. Tive que ajudá-la, foi tragicômico”, afirma.
Alvio Shiguematzu garante que as óticas que estiverem vendendo lentes de contato sem receita médica podem ser multadas além de responder processo por exercício ilegal da medicina. “Os Conselhos Federal e Regionais de Medicina, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia e a própria comunidade médica, fiscalizam esses estabelecimentos”, garante o médico.
O serviço público geralmente não faz adaptações sem finalidade terapêutica, como por exemplo, mudar a cor dos olhos ou abandonar os óculos. “É inviável e desnecessário do ponto de vista de saúde pública. Faltam óculos, faltam cirurgias, faltam medicamentos, faltam médicos e locais adequados de trabalho muitas coisas têm mais prioridade que lentes de contato estéticas e botox para tirar as rugas”, desabafa Shiguematzu.
Cultura X Estética
Para Mônica Valentim psicóloga e supervisora de atendimento clínico da USC – Universidade do Sagrado Coração, existem três fatores que podem explicar esse tipo de comportamento. “Do ponto de vista da filogênese, sinais ligados à saúde e juventude são percebidos como atraentes. Experiências pessoais ligadas à nossa ontogênese, que compreende o período desde que nascemos até nossa morte, também interferem”, afirma.
Mas, de acordo com a psicóloga o terceiro e último fator, pode ser o principal entre eles. “Esse com certeza é o mais crucial para explicar essa tendência à não aceitação das próprias características e a busca de um padrão massificado de beleza que está mais ligado a questões culturais. Nossa cultura tende a associar olhos claros a níveis sócio-econômicos mais elevados. As faixas geográficas mais próximas da linha do Equador, onde se concentram pessoas com pele, cabelo e olhos mais escuros, sempre foram discriminados. Esse fenômeno ocorre em diferentes partes do mundo”, acrescenta.
Do ponto de vista da psicologia, mudar a cor dos olhos pode ser um das muitas tentativas de se inserir em um grupo mais socialmente valorizado. “Se você olha no espelho e compara o que vê com padrões estabelecidos, sempre vai se encontrar em desvantagem. Sempre haverá alguma característica que não está de acordo com o esperado. Isso é notável no caso de modelos de carreira internacional que sempre revelam algum tipo de insatisfação consigo mesma”, revela Valentim.
Valentim acrescenta que a beleza verdadeira está na diversidade. “Não é lindo pensar em um jardim com diferentes tipos de flores, com cores variadas? Há que se criar uma consciência disso. Propagandas como a que a linha de xampu da Dove lançou, sobre diferentes tipos de cabelos e corpo são fundamentais. Precisamos ter mais iniciativas como essa, para que nossos jovens não se violentem buscando ser o que não são”, revela Valentim.
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